Adultos com teste positivo para HIV
receberão medicamentos antirretrovirais do Sistema Único de Saúde (SUS)
antes mesmo de apresentarem sintomas da doença ou comprometimento do
sistema imunológico, a partir de 2014. A medida, oficializada ontem, Dia
Mundial de Combate à Aids, foi adiantada pelo Estado em outubro. Está
prevista para hoje a publicação de uma portaria com as regras que serão
aplicadas no tratamento.
O
novo protocolo clínico permitirá que pessoas infectadas iniciem o
tratamento logo após o diagnóstico. Antes, o paciente era encaminhado a
novos exames e só recebia a medicação se houvesse sinais de
vulnerabilidade no sistema imunológico - quando a contagem de linfócitos
CD4 fica abaixo de 500 células por milímetro cúbico. Com a expansão da
oferta do tratamento, 100 mil pessoas a mais deverão receber os remédios
em 2014 -um acréscimo de 32%.
A
mudança de indicação faz parte de um pacote de medidas contra a doença
anunciado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em um evento no
Parque de Madureira, na zona oeste do Rio. "Aprendemos que o ideal é
oferecer a possibilidade de a pessoa se tratar logo, antes de saber se a
imunidade está reduzida", disse Padilha.
Hoje,
apenas Estados Unidos e França adotam esse tipo de procedimento. O
Brasil, segundo o ministro, será o primeiro a oferecê-lo de forma
gratuita. Além disso, antecipar o tratamento diminui o risco de
transmissão em 96%, destacou Padilha. O País tem 700 mil novas pessoas
infectadas pelo HIV por ano - destas, cerca de 150 mil desconhecem que
têm o vírus. "Estão perdendo a chance de se tratar", disse Padilha.
O
ministério também lançou ontem a nova campanha nacional para o combate à
aids. Com o slogan "Para viver melhor, é preciso saber", um dos
objetivos é dialogar com os jovens, geração que, segundo Padilha, tem se
mostrado menos sensível aos riscos do HIV.
Teste rápido
Para
tentar antecipar os diagnósticos, o ministério entregou à Secretaria de
Estado de Saúde do Rio a primeira Unidade de Testagem Móvel, na qual
serão feitos testes rápidos, cujo resultado sai em até 30 minutos. A
ideia é efetuar 1,7 mil testes por mês. "Nada disso funciona se a gente
deixar prevalecer o preconceito", ressaltou Padilha. "Às vezes, a pessoa
demora para fazer o teste por preconceito ou vergonha", disse.
No
Brasil, os investimentos para o combate à aids devem chegar a R$ 1,2
bilhão em 2013, sendo R$ 770 milhões só em medicamentos. No ano que vem,
Padilha espera ampliar esses investimentos para R$ 1,3 bilhão.
Antes
de anunciar as medidas, Padilha pediu um minuto de silêncio em memória
do produtor musical João Araújo, pai de Cazuza, que faleceu anteontem. O
ministro lembrou que o cantor foi uma das primeiras celebridades a
declarar publicamente ser portador do HIV.
Focos
Segundo
o governo, dois Estados do País chamam a atenção em relação ao HIV,
segundo estatísticas de 2012. No Amazonas, o problema é a elevada taxa
de mortalidade. Já entre os gaúchos, a taxa de detecção é a mais
elevada. Por lá, são feitos 41,4 diagnósticos a cada 100 mil habitantes,
ante 20,2 na média do Brasil. Só em Porto Alegre, essa proporção é de
93,7 casos. Para a coordenadora da Unaids (órgão das Nações Unidas para o
combate à aids) no Brasil, Georgiana Braga, o Rio Grande do Sul vive
uma epidemia.
No
mundo, desde 2001, o número de novas infecções caiu 33%, enquanto as
mortes em decorrência da aids tiveram queda de 29%. Em relação à
transmissão vertical (de mãe para filho), a queda é de 51%. Os dados
foram apresentados por Georgiana. Ainda assim, 35,3 milhões de pessoas
têm aids no planeta e apenas 9,7 milhões têm acesso a algum tipo de
tratamento.
Fonte: Estadão
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