A Polícia Civil de Aparecida de
Goiânia, na Região Metropolitana da capital, investiga um anúncio feito
por um suposto morador da cidade no site de compra e venda OLX, no qual é
oferecida a venda de bebê por R$ 1 mil. A divulgação ocorreu na
terça-feira (12) e ficou ativa por pelo menos 12 horas, até que a
empresa constatou o conteúdo impróprio e o retirou do ar.
Foto: Reprodução
Anunciante ofereceu criança em site e diz que ela 'chora muito'
No
anúncio, o suposto vendedor explica o motivo pelo qual estaria vendendo
a criança: “Chora muito e não deixa eu dormi (sic) e eu tenho que
trabalhar para sobreviver”. Ele disponibilizou um nome e o número para
contato.
A
delegada Marcela Orçai, da Delegacia de Proteção a Criança e ao
Adolescente (DPCA) de Aparecida, informou ao G1 que foi notificada sobre
o caso na manhã desta quarta-feira (13), quando iniciou a investigação.
“Estamos em diligências para tentar localizar o autor da postagem. No
anúncio, consta que a pessoa é do bairro Setor Residencial Campos
Eliseos, mas o endereço não existe. Além disso, o telefone veiculado
também não tem nenhuma ligação com o caso”, explicou.
De
acordo com a delegada, tudo indica que a venda da criança não passou de
uma brincadeira, mas o autor cometeu outros crimes. “Até agora não há
fatos que comprovem que a negociação seria real, porém, a pessoa expôs a
imagem do menor e ainda divulgou na internet o contato telefônico de
outro cidadão indevidamente”, ressaltou Marcela. “A investigação
continua e queremos identificar o anunciante para que ele responda pelos
atos”, concluiu.
Procurada
pelo G1, a OLX informou que assim que teve conhecimento sobre o anúncio
irregular fez a retirada do conteúdo do ar. Ainda segundo a empresa, o
usuário aceitou os termos de uso da plataforma, no qual se comprometeu a
ser o único responsável pelo material anunciado.
A
OLX também reafirmou que não participa de nenhuma forma de transação
entre os anunciantes do site e os clientes, funcionando apenas como uma
plataforma de classificados grátis na internet.
Crimes
O
site foi criado em 2006 e passou a atuar no país em 2010. Recebe mais
de 100 milhões de usuários por mês, que vendem e compram diversos bens e
serviços, e está presente em 107 países. Além de escritórios no Brasil,
tem filiais na Argentina, Portugal, Índia e África do Sul.
E
é exatamente o fato do anúncio ter sido feito em um site de grande
porte que gera preocupação, segundo o advogado Rafael Maciel,
especialista em direito digital. “A pessoa foi muito infeliz, pois a
disseminação da imagem pode ser muito rápida na internet. Em um site
conhecido, mais ainda. Por mais que a empresa tenha retirado a
publicação, o que foi feito corretamente, nada garante que a imagem foi
efetivamente apagada e não será mais postada futuramente”, explicou.
Segundo
Maciel, os sites que intermediam a compra e venda de produtos não têm
recursos para fazer uma censura prévia dos conteúdos, mas todos devem
possuir uma política para termos de uso efetiva. “Cada usuário tem que
aceitar essas condições e se comprometer a fornecer dados verídicos.
Cabe a empresa fiscalizar e retirar do ar tudo aquilo que não se
encaixar no perfil. Caso contrário, se o material continuar no ar, ela
também será responsável pela irregularidade”, ressaltou o advogado.
No
caso do anúncio do bebê, Maciel destaca que o autor pode responder
tanto por negociar uma vida, o que é crime, quanto por expor a imagem do
menor. “Se a pessoa tiver a guarda, ela pode ser enquadrada no Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), por divulgar a imagem indevidamente,
crime que tem pena de até dois anos de prisão. Mas se não tiver
qualquer ligação com o menor, é mais grave ainda e poderá responder por
difamação, com pena de até três anos”, afirmou.
Segundo
o advogado, mesmo que o anunciante use a alegação de que a postagem foi
uma brincadeira, ele deve ser responsabilizado. “O caso depende de uma
análise minuciosa, mas é fato que houve crime. Talvez o autor nem tenha
noção sobre isso e até vale o alerta para quem pense em fazer o mesmo.
Mas esse tipo de espaço na internet não pode ser usado para fins de
gozação”, destacou Maciel.
Fonte: G1
0 comentários:
Postar um comentário
Todos os comentários postados no PORTAL JACOBINA passam por moderação. Por este critério, os comentários podem ser liberados, bloqueados ou excluídos. O PORTAL JACOBINA descartará automaticamente os textos recebidos que contenham ataques pessoais, difamação, calúnia, ameaça, discriminação e demais crimes previstos em lei.