Dos 224 municípios do Piauí, 156, o que
equivale a 70% das cidades do estado, estão ameaçados de atrasar o
pagamento do 13º salário de seus servidores neste final de ano. O
levantamento é da Associação Piauiense de Municípios (APPM). De acordo
com o presidente da entidade, Arinaldo Leal, a maioria das prefeituras
está passando por dificuldade financeira por causa da queda do repasse
do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Arinaldo cita como exemplo o próprio
município que administra, Vila Nova do Piauí, distante 366 quilômetros
ao sul de Teresina.Segundo ele, a situação é tão critica que os atrasos
da folha de pagamento devem começar já em novembro. “Meu município é
pequeno, tem pouco mais de três mil habitantes e estamos com as mesmas
dificuldades. Não esta pior porque nos organizamos desde janeiro e
estamos cortando gastos. Mas tem serviços que estão sendo prejudicados.
Não atrasamos a folha ainda, porém, a tendência e de atrasar esse mês.
Outros serviços estão comprometidos”, afirmou. No total, a folha de
pagamento da pequena cidade é de R$ 250 mil.
O presidente da APPM ressalta que o
maior problema financeiro dos municípios está relacionado diretamente a
queda do FPM que, de acordo com ele, caiu 37,7% se comparados aos meses
de maio, que segundo ele foi a melhor arrecadação do ano, com o de
outubro, que até agora se apresentou com o pior número. Arinaldo Leal
explica que essa variação obedece a questões políticas econômicas do
governo.
“O FPM é baseado na arrecadação do
Imposto de Renda e do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados).
Assim quando desonera do IPI para salvar a indústria automobilística
paulista, diminui a quota e já reflete negativamente nos municípios. O
governo reduziu o IPI e consequentemente atingiu os pequenos municípios
principalmente do Nordeste, que não tem arrecadação própria”, ressalta o
prefeito.
Arinaldo Leal lembra que, além do valor
baixo do repasse do FPM, o governo federal não deu um benefício
conquistado pelos prefeitos esse ano, que foi o acréscimo de 1% no valor
do FPM em julho. O presidente da APPM explica que, assim como os
prefeitos de todo o país, se reuniram em Brasília para solicitar o bônus
em 2014, mas que o governo não concedeu e o Congresso
Nacional negociou transformar o
benefício anual em emenda constitucional. “Lutamos o ano todo, ma só a
partir dos próximos anos que vamos ter direito a esse benefício”,
informa.
Enquanto isso, os prefeitos continuam a
procurar a sede da APPM para conversar com os diretores na busca de uma
maneira de injetar mais dinheiro nos municípios, principalmente aqueles
do semiárido, que sofrem ainda mais por causa da seca.
”Temos que sentar as três esferas do
poder, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário e redesenhar o pacto
federativo, porque quando foi feita a Constituição de 1988, que define
quanto os municípios têm direito, a situação era diferente”, afirma
Arinaldo Leal, que ressalta ainda que de forma imediata nada pode ser
feito pelos prefeitos que estão ameaçando não pagar o 13º salário para
os seus funcionários.
“De forma imediata não tem o que se
fazer. Estamos só mostrando pra sociedade nossa real situação. Que é de
pânico. Para o fornecedor que está com o repasse atrasado saber que o
problema não é do prefeito, mas sim do sistema que não fecha a conta.
Quando um posto quebra, você decide se conserta comprando fiado a bomba,
ou deixa pessoas com sede, ou compromete a folha de pagamento. Fica
entre a cruz e a espada. Estamos usando o dinheiro de outubro pra pagar
setembro, de novembro pra pagar outubro e assim sucessivamente. Em
dezembro teremos que usar o repasse de dezembro para pagar novembro e
como faremos para pagar o 13º?”, alerta o gestor.
Fonte: Diário do Povo
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