No Sertão do Piauí, região castigada pela seca, estão roubando água
para abastecer reservatórios ilegais em propriedades particulares. O
roubo de água foi descoberto pela Agespisa e mesmo assim, o produto
continua sendo desviado.
Dois toneis cheios de água garantem o abastecimento na residência da
dona de casa Maria de Lurdes Rodrigues, por uma semana. “É ruim de mais e
tem dia que temos que ir buscar uma latinha de água na cabeça, bem
longe, para poder tomar banho”, disse Lurdes.
Ela e outras 600 famílias moram nesse bairro, próximo a Zona Rural da
cidade de Jacobina, no Sertão piauiense. Muitas pessoas trabalham na
roça e quando voltam para casa no final do dia não encontram água nas
torneiras.
“A gente fica aqui esperando pela vontade de Deus e dos homens lá,
que não soltam a água. porque temos tem que comprar para beber.
Compramos a água que vem da barragem do Cajueiro, que é vendida por R$
25 um tonel de 200 litros, dessa tiro. A outra vem da barragem de Patos do Piauí, mas essa vem turva e nem sempre dá pelo menos para cozinhar”, informou a agricultora Maria da Luza Silva.
A água que deveria chegar para os agricultores sai da barragem Poços
de Marruás, que fica no município de Patos, que fica a cerca de 400 km
de Teresina. Do local, ela viajara por uma rede de canos e abastece mais
cinco cidades da região, mas o problema é que o líquido é desviado de
forma ilegal pelo meio do caminho.
No início do mês, fiscais da Companhia de Água e Esgotos do Piauí
(Agespisa) flagraram mais de 40 ligações clandestinas ao longo da
adutora, que tem 31 km de extensão. Os canos foram recolhidos, mas
segundo a empresa o crime continua sendo praticado por donos de
propriedades rurais que utilizam a água roubada na agricultora e até
para abastecer caminhões pipas. Depois vendem o produto roubado e
tratado para quem deveria receber de graça através da rede de
distribuição.
“Dentre as situações mais absurdas que encontramos aqui foram a de
senhor que coloca o cano na adutora e joga direto em um açude dele,
prejudicando o abastecimento na cidade de Jacobina. Tem alguns criam até
peixes nestes açudes”, afirmou o fiscal da Agespisa José Vicente da
Silva.
Ainda segundo o profissional, as fiscalizações estão feitas
rotineiramente no local. “Estamos no local, todas as semanas, lutando
para combater está prática ilegal. A empresa tem mandado seus técnicos,
chegamos a colocar travas de ferro e mesmo assim, eles serram, tiram e
voltam a roubar água”, destacou José Vicente.
O problema de desvio de água na região afeta uma população de
aproximadamente 40 mil pessoas, numa região onde ter água em casa é
quase um luxo. “É muito difícil, porque você paga a água, tudo
direitinho, para poder tá nessa situação aqui. Se atrasar o talão, eles
vem cortar, o que também é certo, mas pagar água para não saber se tem.
Amanhã já sei que pela manhã não vai ter”, contou a dona de casa
Abimária Silva.
FONTE: G1 Piauí
segunda-feira, 28 de julho de 2014
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