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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

ARTIGO: A polêmica sobre o fim das vagas para o curso de Jornalismo da UESPI de Picos em 2014

Em todo o interior do Piauí apenas na cidade de Picos há cursos superiores de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo. A cidade sedia dois: o da Faculdade R.Sá (instituição privada e paga) e outro na Universidade Estadual do Piauí (instituição pública e gratuita). Mesmo o curso da instituição privada não sendo tão caro ainda é inacessível para boa parte da população. Esses dois cursos, em um raio de quase 300 quilômetros são os únicos a oferecem a formação jornalística superior no Sertão Nordestino.

Atualmente a única forma de ingresso na UESPI é via o Sisu – Sistema de Seleção Unificada – espécie de leilão de notas para quem faz o Enem – Exame Nacional do Ensino Médio.


O curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo – da UESPI de Picos existe há 12 anos. Foi uma luta de mais de uma década de comunicadores da região. Foi praticamente uma batalha campal e midiática para que a cidade pudesse ter a oportunidade de formar seus comunicadores e proporcionar a pessoas de várias outras cidades a tão sonhada e necessária graduação.


Nunca o curso esteve a mil maravilhas, como toda a UESPI. Sempre passou por problemas estruturais, mas nos últimos dois anos deu um grande salto de qualidade principalmente ganhando novos professores, através de concorrido concurso público. Passou de uma professora efetiva, para cinco professores efetivos. Todos os docentes efetivos do curso hoje são mestres, sendo dois doutorandos em ótimas universidades do País. Proporcionalmente o curso de Jornalismo da UESPI de Picos é o que tem em todo o Piauí o maior número de professores qualificados ou em vias de qualificação. Alguns desses fazendo sérios e comprometidos trabalhos de pesquisa e extensão, apresentando esses resultados Brasil afora.


Mas, para quem sonhava em 2014 cursar Jornalismo na UESPI de Picos foi surpreendido sorrateiramente pelo sistema do Sisu de que este ano não haveria vaga para o curso. A informação só veio a público depois de que as primeiras pessoas, muitas delas que passaram o ano todo sonhando em fazer esse curso, não encontraram vagas.


A decisão de não haver vagas para o curso de Jornalismo da UESPI de Picos foi do próprio colegiado do curso. A alegação é de que não há estrutura física, dentre outros motivos. Nobres, por sinal, mas será que justificáveis para o não oferecimento das vagas e poda de sonhos de dezenas de pessoas?

Somente o curso de Jornalismo e de Ciências Contábeis da UESPI de Picos optaram por não oferecer vagas para ingressantes em 2014.


Sinceramente: a decisão do colegiado, por mais bem intencionada que seja, foi um super tiro no pé. Sabemos que o Colegiado é formado por representantes dos professores e de alunos, pessoas sérias e bem intencionadas, mas que não levaram em conta o sonho de muitas pessoas, o fato de que a pesquisa e a extensão podem ser podadas, além do fato de que o mesmo colegiado, com o poder e representatividade que tem, poderia tomar a decisão de pedir, mais e mais, as tão alegadas melhorias que terminaram por impedir as vagas.


Espera-se que em 2015 o erro não ocorra e que seja tudo divulgado, pois se a notícia do não oferecimento das vagas fosse socializada na época de sua decisão (no início do segundo semestre de 2013) muita gente que se preparou para fazer o Sisu para o curso de Jornalismo da UESPI de Picos teria como rever sonhos e rever estratégias, mas terminou sendo pego de surpresa às vésperas do sonho.


Imagina a quantidade de pessoas que sonharam e tiveram o sonho adiado ou que terminarão em outras áreas, às vezes tomando vagas de pessoas que sonharam para essas áreas.


Decisões do tipo mexem com a vida de muita gente, com o futuro de muita gente e em um Brasil de futuro de incertezas não é muito bom colaborarmos com as nebulosidades, mas sim com clareamento de situações, para que a UESPI forme sim, com qualidade e estrutura todos os jornalistas, principalmente no momento em que a profissão dá sinais de fortes mudanças e a Academia tem de acompanha-las.


Orlando Maurício de Carvalho Berti

Jornalista, nascido e criado no Sertão do Piauí, andando e conhecendo uma série de faces e interfaces na região de Picos. Professor efetivo (Assistente II – DE), pesquisador e extensionista do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da UESPI. Estuda atualmente fenômenos comunicacionais ligados ao Sertão nordestino. Ex-professor e pesquisador dos cursos de Jornalismo da UESPI de Picos e da Faculdade R.Sá. É estudante do último ano do Doutorado em Comunicação Social na UMESP – Universidade Metodista de São Paulo, por onde também é mestre na mesma área. Fez recentemente estágio doutoral na Universidad de Málaga, na Espanha.


ARTIGO: Orlando Berti


ARTIGO: A polêmica sobre o fim das vagas para o curso de Jornalismo da UESPI de Picos em 2014
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