Em todo o interior do Piauí apenas na cidade de Picos há cursos
superiores de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo. A cidade
sedia dois: o da Faculdade R.Sá (instituição privada e paga) e outro na
Universidade Estadual do Piauí (instituição pública e gratuita). Mesmo o
curso da instituição privada não sendo tão caro ainda é inacessível
para boa parte da população. Esses dois cursos, em um raio de quase 300
quilômetros são os únicos a oferecem a formação jornalística superior no
Sertão Nordestino.
Atualmente a única forma de ingresso na UESPI é via o Sisu – Sistema de
Seleção Unificada – espécie de leilão de notas para quem faz o Enem –
Exame Nacional do Ensino Médio.
O curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo – da UESPI de
Picos existe há 12 anos. Foi uma luta de mais de uma década de
comunicadores da região. Foi praticamente uma batalha campal e midiática
para que a cidade pudesse ter a oportunidade de formar seus
comunicadores e proporcionar a pessoas de várias outras cidades a tão
sonhada e necessária graduação.
Nunca o curso esteve a mil maravilhas, como toda a UESPI. Sempre passou
por problemas estruturais, mas nos últimos dois anos deu um grande salto
de qualidade principalmente ganhando novos professores, através de
concorrido concurso público. Passou de uma professora efetiva, para
cinco professores efetivos. Todos os docentes efetivos do curso hoje são
mestres, sendo dois doutorandos em ótimas universidades do País.
Proporcionalmente o curso de Jornalismo da UESPI de Picos é o que tem em
todo o Piauí o maior número de professores qualificados ou em vias de
qualificação. Alguns desses fazendo sérios e comprometidos trabalhos de
pesquisa e extensão, apresentando esses resultados Brasil afora.
Mas, para quem sonhava em 2014 cursar Jornalismo na UESPI de Picos foi
surpreendido sorrateiramente pelo sistema do Sisu de que este ano não
haveria vaga para o curso. A informação só veio a público depois de que
as primeiras pessoas, muitas delas que passaram o ano todo sonhando em
fazer esse curso, não encontraram vagas.
A decisão de não haver vagas para o curso de Jornalismo da UESPI de
Picos foi do próprio colegiado do curso. A alegação é de que não há
estrutura física, dentre outros motivos. Nobres, por sinal, mas será que
justificáveis para o não oferecimento das vagas e poda de sonhos de
dezenas de pessoas?
Somente o curso de Jornalismo e de Ciências Contábeis da UESPI de Picos
optaram por não oferecer vagas para ingressantes em 2014.
Sinceramente: a decisão do colegiado, por mais bem intencionada que
seja, foi um super tiro no pé. Sabemos que o Colegiado é formado por
representantes dos professores e de alunos, pessoas sérias e bem
intencionadas, mas que não levaram em conta o sonho de muitas pessoas, o
fato de que a pesquisa e a extensão podem ser podadas, além do fato de
que o mesmo colegiado, com o poder e representatividade que tem, poderia
tomar a decisão de pedir, mais e mais, as tão alegadas melhorias que
terminaram por impedir as vagas.
Espera-se que em 2015 o erro não ocorra e que seja tudo divulgado, pois
se a notícia do não oferecimento das vagas fosse socializada na época de
sua decisão (no início do segundo semestre de 2013) muita gente que se
preparou para fazer o Sisu para o curso de Jornalismo da UESPI de Picos
teria como rever sonhos e rever estratégias, mas terminou sendo pego de
surpresa às vésperas do sonho.
Imagina a quantidade de pessoas que sonharam e tiveram o sonho adiado ou
que terminarão em outras áreas, às vezes tomando vagas de pessoas que
sonharam para essas áreas.
Decisões do tipo mexem com a vida de muita gente, com o futuro de muita
gente e em um Brasil de futuro de incertezas não é muito bom
colaborarmos com as nebulosidades, mas sim com clareamento de situações,
para que a UESPI forme sim, com qualidade e estrutura todos os
jornalistas, principalmente no momento em que a profissão dá sinais de
fortes mudanças e a Academia tem de acompanha-las.
Orlando Maurício de Carvalho Berti
Jornalista, nascido e criado no Sertão do Piauí, andando e
conhecendo uma série de faces e interfaces na região de Picos. Professor
efetivo (Assistente II – DE), pesquisador e extensionista do curso de
Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da UESPI. Estuda
atualmente fenômenos comunicacionais ligados ao Sertão nordestino.
Ex-professor e pesquisador dos cursos de Jornalismo da UESPI de Picos e
da Faculdade R.Sá. É estudante do último ano do Doutorado em Comunicação
Social na UMESP – Universidade Metodista de São Paulo, por onde também é
mestre na mesma área. Fez recentemente estágio doutoral na Universidad
de Málaga, na Espanha.
ARTIGO: Orlando Berti
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
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